Alguns meses atrás escrevemos um texto sobre a saga dos agendamentos de vistos para Portugal, em Cabo Verde, como forma de alertar sobre a prática ilegal de açambarcamento de agendamentos de vistos para a Europa, no entanto percebemos ao longo de alguns meses que nada mudou.

A saga continua... Parte II
Alguns meses atrás a Procuradoria Geral da República, o órgão superior da hierarquia do Ministério Público de Cabo Verde, deu início a uma investigação sobre os açambarcamentos de agendamentos de vistos na VFS Global em Cabo Verde o Centro Comum de vistos, pelas denúncias feitas por causa dos exorbitantes valores cobrados por agências e indivíduos para fazer um agendamento, que segundo a Embaixada de Portugal em Cabo Verde é gratuito, mas nenhum resultado foi divulgado até o momento.

Será por se ter tornado notícia na comunicação social é que a PGR tentou abrir uma investigação que não tem fim? 

A verdade por detrás desta saga é que são os senhores gestores da VFS Global em Cabo Verde e do Centro Comum de Vistos, com o consentimento da Embaixada de Portugal em Cabo Verde que não faz nada a este respeito, que estão alimentando esta máquina ilícita de fazer negócios e ganhar dinheiro à custa de pessoas inocentes que estão sendo exploradas e enganadas, com esta forma de fazer agendamentos de vistos em datas e horários específicos e a disponibilidade de algumas vagas a cada quinze dias.

A conversa do sr. Cônsul de Portugal em Cabo Verde para ninar os Cabo-verdianos e tentar esquivar-se de sua responsabilidade sobre este assunto é dizer que disponibilizar as vagas desta forma
é uma decisão que resulta de nossa experiência e tem o propósito de oferecer previsibilidade ao sistema. Abrir vagas a cada 15 dias oferece aos requerentes um hozinte temporal próximo e multiplica as suas chances de obter o agendamento em tempo útil. Reconhecemos que possa ser mais atrativa para os requerentes a ideia de ter o calendário aberto indefinidamente, mas a velocidade a que se esgotam as vagas disponibilizadas atualmente, em partes por ação de intermediários, sendo aplicado um horizonte de vários meses, tem o potencial de, por um lado criar o problema muito severo de dispobilidade de vagas e por outro aumentar a não comparência dos requerentes. É uma das lições aprendidas com a gestão dos agendamentos feitas nos últimos dois anos.
Com todo o respeito e por ser um homem a serviço do Estado de Portugal, o que o sr. Cônsul deveria fazer era uma investigação a fundo e não tentar passar a mão na cabeça dos cabo-verdianos com essas justificativas sem nexo. Nos responda essas perguntas, baseado nas suas justificativas acima:

1. Esta previsibilidade no sistema ajuda em quê, se depois de 6 meses uma pessoa não consegue fazer um agendamento, justamente por causa dessa forma de abrir e fechar o sistema, com limites de vagas quinzenalmente? E outra, são os senhores da VFS e da Embaixada que vão viajar ou os requerentes? 

2. Se a taxa de serviço da VFS é paga no ato do agendamento online, qual o problema da não comparência dos requerentes, se a própria empresa informa que o valor não é reembolsável? 

Quer dizer que querem garantir que o valor seja pago independentemente se o requerente puder comparecer ou não, estamos certo? Quer isto dizer que se fizermos um agendamento e a nossa mãe morrer hoje então temos de ir lá de qualquer jeito ou pagar alguns mil escudos para fazer uma procuração para alguém entregar os meus documentos, porque a empresa não devolve o valor de um serviço que ainda não prestou?

Nos desculpe, mas isso é roubo e o sr. Cônsul não deveria estar permitindo alimentar essa máquina ilícita no país, enquanto tenta acalmar os ânimos do povo com essas conversas pela rádio. O que os cabo-verdianos querem é um sistema de agendamentos de vistos que funcione, que esteja sempre aberto para quando precisarem fazer um agendamento o façam, mesmo que a próxima data disponível seja abril de 2050. Pelo menos, dessa forma, o requerente pode organizar a sua vida e não ficar dependente deste negócio da VFS em Cabo Verde.

Em outra situação disse que "problemas informáticos existem", e sobre isto gostaríamos perguntar ao sr. Cônsul o seguinte: existe algum Webmaster que trabalha na VFS ou na própria Embaixada que ainda não sabe que sobrecarregar um servidor com milhares de requisições em simultâneo em uma data e horário específico cria uma sobrecarga no servidor e os recursos do sistema ficam indisponíveis para seus utilizadores? Não sabem disso? Me contratem então!!!

Os agendamentos de vistos na CCV são processados pela plataforma E-visa, do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, e nos dias de abertura de agendamentos nunca funciona normal, justamente por causa dessa sobrecarga ao servidor e aos softwares que processam os pedidos de agendamentos. Os senhores não sabem disso?

É incoerente quando noticiam sobre os números de pedidos de vistos processados, que multiplicados ao valor das taxas cobradas dá para perceber que faturam muito com este serviço, mas nem podem disponibilizar um sistema de agendamento de visto que presta. Uma vergonha!!! 

Copiem o exemplo da Embaixada dos EUA, como sugerido no email que enviamos. O sistema deles nunca cai e o requerente de visto tem a possibilidade de organizar a sua vida, conforme seus planos. Já no caso de Portugal, a VFS, o CCV e a Embaixada é que querem controlar a vida das pessoas com esse sistema inúltil de agendamento.

Em dezembro de 2023, no último programa "Fale com o Cônsul", o mesmo despediu-se do povo cabo-verdiano e informou que aquela era a última transmissão do programa. Em janeiro percebemos que as vagas para agendamentos de vistos não estão sendo mais disponibilizadas no horário habitual informado anteriormente e a embaixada não divulga mais avisos sobre os agendamentos de vistos nacionais para Portugal.

Voltamos ao início desta saga, quando não era informado as datas e horários de abertura das vagas para os agendamentos na VFS. O requerente precisa ficar o dia todo na Internet, entrando e saindo do sistema até abrirem as vagas.

E para finalizar, no início da abertura das vagas para agendamentos de vistos de procura de trabalho em Portugal, em 2022, quando a VFS não informava nem a data nem os horários para os agendamentos de vistos, recebemos, através da página VISTOS CABO VERDE, uma mensagem de um indivíduo, solicitando que recomendássemos seu serviço de agendamento de vistos e nos disse que é amigo do gerente da VFS e o mesmo o informa quando abrem as vagas. Naquele dia ele tinha feito 11 agendamentos. E mais, o gerente da VFS é dono de uma agência de viagens em Cabo Verde.

Dessa forma é o que acontece. Se o requerente não sabe quando abrem as vagas, alguém fica sabendo, porque quando os agendamentos estão sendo abertos não tem mais vagas nos dias disponibilizados na agenda.

Então, tem porcaria aí dentro. Investiguem!!!

Já basta de tantos anos de escravidão pelos próprios portugueses, já basta de tantas empresas sugando dinheiro do povo ilicitamente com serviços medíocres e caros todos os dias neste país, já basta desta falta de respeito ao alimentar esta máquina ilícita com este serviço de agendamento de vistos. Já basta! 

É uma vergonha!!! A vossa justiça é uma vergonha!!! São os senhores que estão alimentando essa máfia com os agendamentos de vistos no país. DIGO E REPITO! Começando lá dentro da Embaixada de Portugal, o CVV e a VFS.

E onde estão os senhores representantes deste país? Na Europa, certo?